quarta-feira, agosto 07, 2019

PERNAMBUCO: Vereadores do Cabo rejeitam novo pedido para investigar Lula Cabral, prefeito afastado por corrupção


Segundo parlamentares de oposição, esta foi a quarta vez que a câmara negou abertura de processo para apurar as denúncias de desvio milionário em fundo previdenciário.

Por G1PE

Lula Cabral (PSB) é prefeito do Cabo de Santo Agostinho, cidade do Grande Recife — Foto: Reprodução/TV Globo

Os vereadores do Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife, rejeitaram, nesta quarta-feira (7), mais um pedido de abertura de um processo de investigação do prefeito afastado Lula Cabral (PSB). O chefe do Executivo municipal, que passou três meses preso, é réu em um processo sobre lavagem de dinheiro e corrupção passiva.

Lula Cabral e mais quatro pessoas foram denunciados pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) por envolvimento em uma transferência irregular de R$ 92,5 milhões. O dinheiro teria sido retirado do fundo previdenciário do município, o Caboprev, e enviado para ativos de risco.

O processo se refere à Operação Abismo, da Polícia Federal (PF), deflagrada em outubro de 2018. Lula Cabral foi solto em janeiro deste ano.

Este foi o quarto pedido enviado à Câmara para começar as investigações contra Lula Cabral. A rejeição da solicitação ocorreu durante sessão realizada na Câmara do Cabo, na manhã desta quarta. Foram nove votos contra a abertura do processo e três a favor.


Câmara Municipal do Cabo de Santo Agostinho fica no Grande Recife — Foto: Robson Batista/TV Globo

De acordo com o vereador Ricardo Carneiro da Silva, o Ricardinho (SD), esta foi mais uma oportunidade perdida pelos vereadores do Cabo para investigar um “crime de responsabilidade”.

“O pedido foi feito por um cidadão comum, um advogado que mora no Cabo. Estava bem fundamentado, mas, infelizmente, a Câmara prevaricou mais uma vez”, declarou o parlamentar, que está entre os três que votaram a favor da solicitação.

O vereador José de Arimateia Santos (PSDB), que também votou pela abertura do processo, lamentou a postura da Câmara.

“A lei diz que podemos investigar o prefeito para levar até a cassação, bastando criar uma comissão três de três integrantes. Também observamos a Lei Orgânica do Município, mas não teve jeito”, afirmou.

Segundo o parlamentar, com a decisão da Câmara, mais uma vez, Lula Cabral ficará como prefeito afastado e recebendo salário.

“A Justiça não pode cassar o prefeito sem a condenação. Tivemos essa oportunidade para mostrar à sociedade que queremos mudar alguma coisa, mas não conseguimos”, declarou.

O presidente da Câmara do Cabo, Vicente Mendes da Silva Neto, conhecido como Neto da Farmácia (PDT), disse que os vereadores decidiram, por maioria, evitar a investigação do prefeito afastado.

“Um cidadão comum fez o pedido, mas a maioria decidiu que Lula não será investigado”, afirmou o parlamentar, que integra a base de apoio de Cabral e não votou, nesta quarta, por ser o chefe do Legislativo.

Entenda o caso
No dia 19 de outubro de 2018, a Polícia Federal prendeu 22 pessoasem uma operação contra esquema de fraudes no instituto de previdência dos servidores do Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife. O prefeito Lula Cabral foi um dos detidos.

Foram cumpridos todos os 22 mandados de prisão e os 42 mandados de busca e apreensão expedidos para a Operação Abismo.

Segundo a PF, os envolvidos receberam propina para transferir R$ 92,5 milhões do instituto, que estavam em uma instituição financeira sólida, para uma empresa composta por ativos de risco.

A transferência, equivalente a cerca de 50% do total do fundo, poderia comprometer o pagamento futuro das aposentadorias, apontam os investigadores.

Em julho deste ano, o Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5) decidiu manter o afastamento de Lula Cabral por tempo indeterminado.

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